Adolescente agredido por professor dentro de sala de aula tem conduta investigada pela polícia, em Ponta Grossa
08/08/2025
(Foto: Reprodução) Professor é filmado agredindo aluno com chutes e empurrões dentro de sala de aula
A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira (8) que instaurou procedimento investigatório para apurar a conduta do adolescente de 14 anos que foi agredido por um professor de 59 anos dentro de uma sala de aula de um colégio estadual de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.
De acordo com Fernando Henrique Ribeiro Vieira, delegado da Delegacia do Adolescente, o adolescente está sendo investigado por ato infracional análogo a lesão corporal e desacato.
A confusão foi filmada por uma câmera de segurança, que mostra que os dois estavam sentados lado a lado quando iniciaram uma discussão. Ambos levantaram, o professor empurrou o aluno, o adolescente revidou e o professor tentou chutar o adolescente. Outra professora que estava na sala se colocou no meio dos dois para tentar separá-los, mas a confusão e as agressões continuaram. Assista acima.
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O caso aconteceu na quarta-feira (6) e foi revelado nesta quinta (7) por uma reportagem do g1. Relembre detalhes mais abaixo.
Fernando Henrique Ribeiro Vieira, delegado da Delegacia do Adolescente, afirma que é um "dever institucional apurar com isenção todos os aspectos do fato".
De acordo com a Polícia Civil, após a confusão o professor assinou um termo circunstanciado de lesão corporal. A corporação explica que, como o crime é considerado de menor potencial ofensivo, não gera prisão em flagrante.
Em nota, o núcleo regional da Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) disse que solicitou ao Ministério Público de Ponta Grossa o afastamento do servidor público, que também responderá a um processo interno da secretaria.
"A conduta do professor envolvido foi devidamente analisada em sede de plantão policial, com a sua responsabilização mediante lavratura do procedimento cabível e imediata comunicação ao Poder Judiciário. Paralelamente, o Núcleo Regional de Educação adotou as providências administrativas pertinentes ao caso em relação ao professor. [...] A conduta do adolescente também será rigorosamente investigada e, verificada a prática de ato infracional, ele será responsabilizado, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente", explica.
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Como a ocorrência envolve menores de 18 anos de idade, o g1 optou por não identificar dos envolvidos.
Ao g1, o professor alegou que foi vítima de injúria, lesão corporal e ameaça por parte de dois alunos, e "só se defendeu". Leia mais abaixo.
À polícia, ele afirmou que foi provocado pelo aluno, mas não deu detalhes sobre o motivo.
"O aluno nega; ele diz que o professor teria batido a mão na mesa antes, num gesto fúria, ao qual ele teria respondido: 'Não tenho medo do senhor'. O outro aluno envolvido conta uma versão igual ao do primeiro, e a professora alega não ter ouvido nada, porque estava longe", relatou a equipe de investigação.
O g1 tenta identificar a defesa do adolescente.
Delegado repudia o caso
Delegacia do Adolescente de Ponta Grossa
Polícia Civil
Em nota divulgada à imprensa, o delegado da Delegacia do Adolescente de Ponta Grossa destacou que a Polícia Civil do Paraná repudia veementemente qualquer tipo de violência, especialmente em âmbito escolar.
Ele também ressaltou que nenhuma provocação ou atitude, de quem quer que seja — aluno ou professor —, justifica agressão verbal ou física por qualquer das partes, e avaliou que em situações como essa, em que uma discussão entre aluno e professor ultrapassa os limites do diálogo e se transforma em agressão mútua, todos perdem.
"Perde o aluno, que deixa de ver na escola um espaço de respeito. Perde o professor, que abdica de sua autoridade moral ao ceder à violência. Perde a educação, que se fragiliza diante do exemplo errado. Perde a sociedade, que colhe os frutos de gerações que desaprendem a conviver. Porque, no fim, quando o respeito se perde, ninguém vence - todos perdem", diz o delegado Fernando Henrique Ribeiro Vieira.
Agressão em sala de aula
Professor é filmado agredindo aluno com chutes e empurrões dentro de sala de aula, em Ponta Grossa
Reprodução
Um professor de 59 anos agrediu um aluno de 14 anos com chutes e empurrões dentro de uma sala de aula do Colégio Estadual Professor José Gomes do Amaral, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.
O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (6), por volta das 10h25, na sala de informática da escola do Bairro Santa Terezinha. A Patrulha Escolar da Polícia Militar (PM-PR) foi acionada e, após a confusão, os dois professores, os dois alunos feridos e os responsáveis foram encaminhados à delegacia da Polícia Civil.
O g1 teve acesso ao Boletim da Ocorrência (B.O.) do caso. O documento aponta que a professora que interveio na briga, que tem 26 anos, acabou sendo atingida por golpes. Além disso, dois adolescentes envolvidos ficaram feridos – o que discutiu com o professor teve lesões no rosto e outro, que também tentou separar a briga, saiu com hematomas no braço, segundo o B.O.
Os dois alunos adolescentes e a professora que tentou separar a briga foram registrados como vítimas no boletim da ocorrência.
Devido à assinatura do termo circunstanciado, os envolvidos saíram da delegacia com o compromisso de comparecer a uma audiência no Juizado Criminal. Caso as partes não concordem com um acordo de conciliação nesta audiência, o caso volta para a delegacia para a continuidade das investigações e um inquérito pode ser instaurado.
Em caso de abertura de inquérito, o delegado responsável deverá decidir se indicia, ou não, o professor por algum crime. Em caso positivo, o caso será encaminhado ao Ministério Público, que então avalia se oferece, ou não, denúncia criminal.
O que diz o professor
Veja, abaixo, o que o professor disse ao g1:
"Ocorreu que depois de várias tentativas para conter a indisciplina e falta de trato e respeito entre aqueles alunos, tanto à minha esquerda quanto à direita, solicitei ao aluno que saísse do laboratório. O mesmo me retornou com ofensas e xingamentos.
Deixo claro que como professor e funcionário público, não abro mão das minhas prerrogativas que me são imputadas. Manter o respeito, a educação e um bom clima para o aprendizado de todos. No entanto, não ocorreu o respeito à minha pessoa e aos demais alunos presentes.
Solicitei ao aluno que se retirasse da sala para conduzi-lo a outro setor. Coisas normais do colégio. Ao tentar conduzir o aluno recebi intimidações, um soco e tive que afastá-lo com a perna. A professora interviu e levou esse aluno para o canto do laboratório. Esperei que saísse, mas como o mesmo aluno me proferiu várias ameaças de morte e continuava a chutar e empurrar essa professora, não tive outra alternativa a não ser conter o mesmo, conduzi-lo para fora e foi o que fiz.
É minha obrigação zelar pela segurança de todos e também dos aparelhos da sala de informática, pois o mesmo ameaçava quebrar tudo.
Compreendo perfeitamente a atitude dos pais de preservar e proteger seu filho. No entanto, acredito que é obrigação de qualquer aluno ter respeito com colegas e professores em qualquer ambiente. Mas essa formação não provém e nunca será dada por professores ou professoras, mas pelos pais ou responsáveis."
O que diz a secretaria de educação
Situação aconteceu no Colégio Estadual José Gomes do Amaral, de Ponta Grossa
Reprodução/Google Street View
Veja, abaixo, a nota completa enviada pelo núcleo regional da Seed ao g1:
A Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) recebeu com indignação a informação sobre o conflito envolvendo um professor e um estudante da rede no Colégio Estadual José Gomes do Amaral, em Ponta Grossa. A Secretaria repudia veementemente qualquer forma de violência no ambiente escolar. As medidas cabíveis já estão sendo adotadas conforme a legislação vigente, inclusive com a formalização de um Boletim de Ocorrência.
Logo após o episódio, a equipe escolar acionou o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), que esteve no local junto aos responsáveis pelos envolvidos. Todos foram encaminhados à delegacia para os devidos esclarecimentos. Não houve necessidade de atendimento médico.
A Seed-PR também informou o Conselho Tutelar da cidade sobre a medida e solicitou ao Ministério Público de Ponta Grossa o afastamento do servidor. Ele também responderá a um processo formal da pasta.
A Secretaria acompanha o caso por meio do Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa e do Departamento de Educação em Direitos Humanos (EDH), que estão presentes na escola prestando suporte à equipe diretiva e à comunidade escolar.
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